Médicos contestam recomendação do Ministério da Saúde para não fazer exames preventivos em assintomáticos
Urologista Dr. Rodrigo Rosa de Lima alerta que, em quase 95% dos casos, a doença já se espalhou quando aparecem os sintomas
O Ministério da Saúde publicou nota afirmando que não existe recomendação para que os exames de rotina para o câncer de próstata em assintomáticos, por entender que as evidências atualmente disponíveis apontam para balanço desfavorável entre os riscos e benefícios para a saúde dos homens.
Ela diz respeito aos casos de tumores menos agressivos na próstata, que têm menor risco de evolução e que, ao serem detectados e tratados por meio de cirurgia, podem gerar prejuízos à saúde do homem, como impotência ou incontinência urinária.
A nota controversa foi repudiada pelas entidades médicas e especialistas da área. A Sociedade Brasileira de Urologia emitiu nota técnica em que afirma que o rastreamento reduz de forma significativa o risco de diagnóstico de doença na fase metastática – em até duas vezes menos, a qual proporciona elevados custos de saúde e traz grande perda de qualidade de vida e sobrevida a homens que poderiam ter sido diagnosticado e curados nas fases assintomáticas da doença.
Para o urologista e membro da Sociedade Goiana de Urologia, Rodrigo Lima, a recomendação do Ministério da Saúde desestimula o diagnóstico precoce, o que pode gerar um aumento do número de casos de metástase. “Nos Estados Unidos, esta conduta foi tomada em 2012 e o país assistiu o crescimento dos casos graves da doença. Hoje, eles já mudaram este posicionamento”, diz.
Rodrigo Lima explica que, de fato, existem casos de tumores na próstata que são leves e o paciente irá conviver com a doença a vida toda sem repercussões, porém, o conhecimento de que ela está no organismo é um fato benéfico. “Nesta situação, nós fazemos a vigilância ativa, que é um monitoramento com regularidade maior para acompanhar se há evolução da doença”, explica.
Além disso, hoje, ele observa que os exames mais aprofundados par se verificar o grau da doença, como a biópsia, tem baixo risco de efeitos colaterais. “A cirurgia, que pode trazer alguma consequência, só é recomendada em casos específicos e graves. Além disso, as técnicas vem melhorando a cada dia. Um exemplo é a cirurgia robótica”, diz.
O especialista explica também que o câncer de próstata é assintomático entre 70% e 80% dos casos. “Quando apresentam sintomas, normalmente a doença já se espalhou para outros órgãos em até 95% dos casos, portanto, o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura, com menos efeitos colaterais”.
O rastreamento precoce da doença é feito atraves de dois exames: o toque retal e a dosagem, pelo sangue, da PSA, que é um proteína produzida pelo tecido da próstata e que aumenta nos casos de tumores.
De acordo com o médico, 10% dos casos de câncer de próstata podem ser suspeitados apenas pelo toque retal. “Por isso, nós reforçamos que é de extrema importância fazer o exame a partir dos 50 anos de idade, ou a partir dos 45, se houver casos na família, fazerem a prevenção”, recomendou
Números
O câncer de próstata representa a segunda maior causa de morte por câncer no Brasil, sendo o tipo mais comum em homens no mundo. No Brasil, estimam-se 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano para o triênio 2023-2025, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). A cada 8 minutos um homem é diagnosticado com câncer de próstata no Brasil, e, a cada 40 minutos, um deles morre em decorrência da doença.
Segundo a Agência Senado, a campanha Novembro Azul foi lançada no Brasil em 2011 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, organização social que se dedica a esclarecer a população sobre o câncer de um modo geral e as doenças cardiovasculares, além de fazer um trabalho voltado especificamente para a saúde do homem.
Sobre o Dr. Rodrigo Rosa Lima
O médico Rodrigo Rosa de Lima atua em Urologia em Goiânia desde 2015. Cirurgião Robótico com Pós-Graduação no Hospital Israelita Albert Einstein e especialista em Transplante Renal pela Universidade de Brasília. É concursado do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) desde 2016; preceptor da Residência Médica em Urologia do HC-UFG e da graduação em Medicina da UFG; integra as equipes de transplante renal do HC-UFG, HGG e Hospital Urológico Puigvert; também atua nas áreas de uro-oncologia (tumores de próstata, rim, bexiga, pênis, testículos e glândulas suprarrenais); cirurgias minimamente invasivas (cirurgia robótica, videolaparoscopia e endourologia); tratamento de cálculos urinários e crescimento prostático a laser; tratamento microcirúrgico de infertilidade (correção de varicocele e reversão de vasectomia).