Sim, é científico, ser gentil faz bem para a saúde
Mas, para além da questão do bem-estar, educadoras explicam que a gentileza é um valor que deve ser trabalhado com as crianças desde os primeiros anos de vida, afinal é no ambiente escolar que este valor começa a ser praticado
Pessoas que se dedicam mais ao voluntariado têm 44% menos risco de morrerem precocemente, sugere um estudo feito pela Universidade da Califórnia (EUA). Já uma pesquisa publicada pela revista científica alemã Springer Science, aponta que ser gentil pode diminuir a ansiedade,uma vez que interações sociais positivas elevam a autoestima e melhoram o bem-estar emocional. E estudo da Universidade de Harvard (EUA), realizado em 136 países, mostrou que as pessoas altruístas são as mais felizes.
Pois então, é científico! A gentileza pode te fazer viver mais e melhor. Mas mesmo antes de todos os estudos científicos, há um lugar onde todos dão os primeiros passos para a prática da gentileza: a escola. Para a psicóloga, educadora e diretora da escola canadense Maple Bear de Goiânia, Cida Corrêa, é a partir da convivência no ambiente escolar, e com a participação da família, é que as crianças descobrem as primeiras regras de convívio social, e uma das principais é a gentileza, que celebra em 13 de novembro seu Dia mundialmente.
“A gentileza é a base central no processo de construção de uma cultura de paz. Ela deve ser uma aprendizagem social contínua e que deve ser estimulada já na primeira infância (de 0 a 6 anos), e com isso permear todas as interações sociais, tornando-se um hábito na vida da pessoa, inclusive para resolução de conflitos”, explica a educadora e psicóloga. O ensino e incentivo da gentileza, já nos primeiros anos de vida, também é defendido pela coordenadora pedagógica da Educação Infantil da Maple Bear, Mayra Maia. “A gentileza está relacionada a valores indispensáveis para uma sociedade próspera, harmoniosa, empática, com respeito e aceitação”, argumenta. Ela também destaca os estudos científicos que demonstram como a gentileza faz bem a quem pratica. “Temos várias pesquisas que dão conta de que sintomas de ansiedade e de estresse, são atenuados quando você realiza atos altruístas e de acolhimento”, lembra.
De casa para escola
A educação vem do berço, já diz o ditado, mas é quando os filhos estão na escola que os pais ou responsáveis percebem se esse processo educativo pela qual a criança passa em casa está dando certo. De acordo com Mayra Maia, depois da família, o ambiente escolar é o primeiro espaço social a qual a criança tem contato, onde ela aprende as primeiras regras da vida em sociedade e seus mais importantes valores, como a gentileza.
“Neste momento elas [as crianças] estão geralmente inseguras, fazendo tentativas e sentindo o mundo ao seu redor. Então a prática da gentileza entre o corpo docente e toda a equipe vai ser um modelo para elas, que entenderão que ser gentil deixa o ambiente escolar mais agradável, torna o aprendizado mais leve e prazeroso”, enfatiza.
Para a diretora geral da Maple, muito além de aprender a ler, escrever e saber sobre as principais áreas do conhecimento, no ambiente escolar as crianças já começam construir valores sociais e morais que irão acompanhá-las por toda a vida. “Na escola as crianças têm a oportunidade de aprender mais sobre os valores humanos, sobre a importância de cultivar virtudes e, assim, naturalmente, adotam a gentileza como um traço de sua identidade cultural”, avalia Cida Corrêa.
Bons exemplos
Na Maple Bear, Cida Corrêa explica que a prática da gentileza é explicitada aos alunos de forma sempre autêntica e por toda equipe, desde a equipe de limpeza e conservação da escola, passando pelo pessoal do administrativo, corpo docente e a direção. Uma gentileza, que segundo ela, está presente desde a recepção com um sorriso, até um gesto mais afetuoso como um abraço em um momento difícil. “A Maple Bear exercita a gentileza de forma genuína e diariamente, por meio da comunicação positiva, que acontece desde o portão de entrada até a hora da despedida. Assim, atitudes de gentileza, expressas como hábitos diários e associados a valores humanos, como respeito, acolhimento, cuidado, carinho, ajudam a criança a entender o que é cooperação, perdão e solidariedade”, destaca.
Entre os exemplos das atividades desenvolvidas e que envolvem alunos e até a família, Cida Corrêa destaca os projetos: Construtores de Paz – Cultivando Valores Humanos; projeto S.E.S para o desenvolvimento socioemocional; Disciplina Positiva e Primavera das Virtudes. Mayra Maia, da coordenação de Ensino Infantil, reforça que quando escola e família trabalham juntas, com o mesmo propósito, isso se torna mais significativo para a criança. “Neste mês de outubro realizamos a Primavera das Virtudes, momento em que os papais puderam compartilhar com suas crianças valores que eles aprenderam com seus pais. Um dos valores trabalhados foi a gentileza, bem como outros como empatia, honestidade e perseverança. Quando percebemos que crianças de 1 ano e meio a 5 anos tiveram compreensão e fizeram reflexões, vemos, de forma palpável, a relevância da parceria de ensinar essas boas práticas desde a infância”, afirma.