Monitoramento e Inteligência Artificial: novas tecnologias ajudam na redução da perda e desperdício de alimentos
Dados do World Resources Institute (WRI) mostram que o Brasil desperdiça 41 milhões de toneladas de alimentos por ano
A produção e a distribuição de alimentos e bebidas enfrentam alguns desafios importantes em sua cadeia. Dois itens muito relevantes são a perda e o desperdício, uma vez que essas questões têm números notáveis dentro da lógica produtiva. No Brasil, a estimativa anual de desperdício de alimentos está por volta de 41 mil toneladas, de acordo com o World Resources Institute (WRI).
Em razão desses problemas, a data 29 de setembro foi escolhida recentemente para promover o Dia Internacional para a Consciência sobre Perdas e Desperdício de Alimentos. O tema, inclusive, faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial na meta 12.3, em que a organização define que deve-se reduzir até 2030 “pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento”.
Apesar de “desperdício” e “perda” parecerem sinônimos quando o assunto é o subaproveitamento alimentício, há uma diferença importante entre os conceitos. Nesse sentido, o desperdício é definido como a diminuição da quantidade ou qualidade dos alimentos como resultado de ações de varejistas, restaurantes ou consumidores. São os problemas na comercialização dos produtos, os descuidos com o armazenamento, o preparo, e também a falta de consciência do público consumidor.
A perda de alimentos, por sua vez, refere-se à diminuição na quantidade ou qualidade dos itens por causa de ações tomadas por produtores e processadores de alimentos, seja na plantação, colheita, processamento ou até mesmo transporte das mercadorias. Entre os principais motivos para a perda estão o excesso de produção, avarias e danos causados durante a manipulação e o deslocamento dos alimentos.
Com base nessas problemáticas que atingem tanto produtores quanto consumidores, membros de toda a cadeia começaram a adotar estratégias importantes por meio da tecnologia para superar a perda e o desperdício de alimentos. Existem soluções focadas em etapas diversas, por exemplo, na etapa de produção, há diversos softwares de planejamento de inventário.
No entanto, sempre existe uma margem de erro considerável nesse planejamento, pois existem infinitas variáveis que podem interferir, como por exemplo as condições climáticas. Itens mais apropriados para dias de calor, como a cerveja, podem apresentar um desempenho de vendas inferior em razão de chuvas fora de época. Bem como itens fora do padrão estético, como leves defeitos na embalagem, também apresentam dificuldades extras nas vendas. Assim, surge a necessidade de outra solução para viabilizar a comercialização desses itens. Ou seja, resolver o problema ocasionado pela margem de erro comum nas previsões de estoque.
Em grande parte, estes produtos que não são comercializados dentro do planejamento esperado, atingem a data de validade e devem ser descartados. Tal fato ocasiona uma baixa na receita esperada e, além disso, gera o custo extra do descarte. Para solucionar essa dor de excedente de estoque da indústria, iniciativas que utilizam uma ampla base de dados e algoritmos proprietários para ajudar o produtor a detectar riscos e auxiliar na comercialização de produtos perto da expiração, são a melhor solução.
Na etapa seguinte, que corresponde a venda pelo varejista para o consumidor final, a Inteligência Artificial também já está sendo utilizada para prever a demanda por determinados itens no supermercado. Essa tecnologia também pode ser combinada com sensores de IoT (Internet das Coisas), já que esse recurso possibilita a criação de redes em armazéns e supermercados para monitorar em tempo real as condições dos alimentos e potenciais problemas.
A aplicação correta dessas tecnologias a favor da redução da perda e do desperdício de alimentos é crucial para uma melhor produção e distribuição, além dos impactos positivos ao meio ambiente. A inteligência artificial deve ser cada vez mais uma aliada para o aumento da disponibilidade de comida, podendo incentivar maior produtividade.
Por Leonardo Mencarini e Lucas Rolim, Co-fundadores do Mercado Único
Leonardo Mencarini e Lucas Rolim são co-fundadores do Mercado Único, plataforma especializada na redução do desperdício de alimentos.
Sobre o Mercado Único
O Mercado Único é uma plataforma B2B que utiliza Inteligência Artificial, tecnologia e dados para otimizar a gestão e as vendas do estoque excedente das indústrias. A empresa conecta automaticamente fornecedores a varejistas e distribuidores, oferecendo produtos com baixa rotatividade ou próximos do vencimento com descontos. O Mercado Único tem a missão de reduzir o desperdício de alimentos e bebidas, ao mesmo tempo em que gera receita adicional e melhora o planejamento da demanda para os parceiros.