Apesar de pouco conhecido, mulheres tiveram papel de destaque nas descobertas científicas e na medicina nuclear
Especialidade médica teve como pioneira a cientista Marie Curie. No Brasil, entidade foi fundada em 1961 e teve entre seus fundadores a Dra܂Verônica Rapp
Uma das principais lições aprendidas nos últimos anos é que as descobertas científicas são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. Porém, o reconhecimento dos cientistas que possibilitam esse desenvolvimento ainda não é equânime quando se leva em consideração o gênero de quem o promove.
O presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, Dr. Rafael Lopes, destaca que a contribuição feminina ainda não recebe o merecido destaque: “Apesar da contribuição feminina ser cada vez maior, os trabalhos mais reconhecidos ainda são de cientistas homens, o que gera a leitura equivocada de que as mulheres não participam tão ativamente desta área”, afirma.
Reforçando que, de fato, as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço na área científica, o estudo “Demografia Médica no Brasil 2023”, aponta que, em 2035, as mulheres serão maioria entre os médicos, com 56%. Entre 2023 e 2035, período projetado, o crescimento entre as médicas é estimado em 118%, enquanto, entre os homens, será de 62%.
“A história da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) demonstra bem a importância da mulher na área médica. Uma das fundadoras da entidade foi a Dra. Verônica Rapp – que ao lado de seu marido, Tede de Eston, fundou a entidade, em 14 de setembro de 1961”, revela o presidente da SBMN.
A Dra. Verônica ajudou a introduzir a tecnologia de radioisótopos no Brasil, que se tornou o primeiro país da América do Sul a iniciar na ciência que viria a ser a Medicina Nuclear. Outra figura histórica na área da medicina nuclear no Brasil é a Dra. Anneliese Fischer, que chefiou a área em instituições importantes como os Serviços de Medicina Nuclear, do Hospital Albert Einstein e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, ambos em São Paulo. “São mulheres precursoras, que iniciaram pesquisas e desenvolveram tecnologias que são de extrema importância até os dias atuais. Além disso, foram referências e inspirações para que outras cientistas e médicas pudessem trilhar o mesmo caminho”, afirma Dr. Rafael Lopes, que acrescenta: “A SBMN também já teve duas mulheres ocupando o cargo de presidente, as Dras. Cristiana Almeida e Marilia Marone e sempre uma grande representatividade nas mais diversas diretorias, constituindo aproximadamente 40% da atual gestão”.
Por fim, o presidente da SBMN projeta o que espera sobre a participação feminina nas ciências e na medicina nuclear: “Esperamos que, assim como na entidade, a ciência e, mais especificamente a Medicina Nuclear, possam se tornar cada vez mais espaços em que as mulheres tenham a liberdade de escolher seus destinos e desempenhar as suas funções de forma a contribuírem para o desenvolvimento dos campos sociais. A SBMN felicita as especialistas da área de Medicina Nuclear e todas as mulheres por esta data e tudo que ela representa”.
Marie Curie, 1° Prêmio Nobel
Uma das pioneiras no desenvolvimento do conhecimento sobre radiações foi a cientista Marie Sklodowska Curie. Nascida em 1867, foi a primeira mulher da história a receber um Prêmio Nobel. Em 1903, a Academia Francesa de Ciências havia decidido indicar apenas os cientistas Henri Becquerel e Pierre Curie — marido de Marie — como candidatos ao Nobel de Física. Pierre escreveu uma carta afirmando que a participação de Marie na pesquisa dos corpos radioativos havia sido imensa para ela ficar fora da premiação. No fim, o casal Curie e Becquerel receberam o Nobel de física. Em 1911, Marie Curie voltou a fazer história, sendo a primeira mulher a ganhar dois prêmios Nobel, desta vez de Química, por sua descoberta dos elementos rádio e polônio.
Sobre a SBMN
Fundada em 14 de setembro de 1961, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) tem o objetivo de integrar, promover e estimular o progresso da Medicina Nuclear no Brasil. Constituída por médicos especialistas e outros profissionais de áreas correlatadas, como tecnólogos, biólogos, físicos e químicos, a Sociedade tem a missão de trazer inovação, conquista e aperfeiçoamento da área para a saúde brasileira, tornando-se referência nacional e internacional na representatividade da Medicina Nuclear.