Audição e gênero, tem alguma relação?
Estudos indicam que a audição feminina é superior a masculina
A audição, um dos sentidos fundamentais para a interação e compreensão do mundo, apresenta diferenças significativas quando analisada sob a ótica de gênero. Estudos recentes nos Estados Unidos lançaram luz sobre o tema, revelando que mulheres e homens não só percebem os sons de maneira diferente, mas também enfrentam desafios distintos no que diz respeito à perda auditiva ao longo da vida.
“Os hormônios femininos parecem desempenhar um importante papel protetor, contribuindo para que as mulheres apresentem problemas auditivos com menor frequência em comparação aos homens. Esta vantagem biológica mantém-se até aproximadamente os 50 anos, idade em que a diferença de incidência entre os gêneros tende a diminuir devido ao desgaste natural das células auditivas, um processo conhecido como presbiacusia”, diz o otorrinolaringologista Matheus Chioro
Além disso, um aspecto preocupante foi identificado em homens com perda auditiva: uma maior taxa de mortalidade, destacada por uma pesquisa realizada na Islândia. Este dado ressalta a importância da utilização de aparelhos auditivos e do acompanhamento médico regular, especialmente após a meia-idade.
A sensibilidade auditiva, conforme o estudo, diminui mais rapidamente em homens do que em mulheres em quase todas as idades e frequências testadas. A pesquisa, que coletou dados de mais de mil participantes desde 1965, sublinha a variabilidade dos níveis de audição, mesmo entre indivíduos sem histórico de doenças otológicas.
“Apesar das diferenças biológicas, o estilo de vida e a ocupação surgem como fatores preponderantes na maior suscetibilidade dos homens a problemas auditivos. Obras, fábricas, serviço militar e o uso frequente de ferramentas elétricas expõem muitos homens a níveis de ruído que podem causar perda auditiva induzida por ruído, uma condição resultante da exposição a sons acima de 85 dB”, diz Iva Lanzarini representante da Fonocenter.
Os comportamentos de risco, incluindo tabagismo, hipertensão e doenças cardíacas, são mais prevalentes entre o sexo masculino, contribuindo para a maior incidência de perda auditiva. Além disso, o uso regular de certos medicamentos, como analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides, tem sido associado a uma maior probabilidade de perda auditiva, especialmente em homens abaixo dos 60 anos.
A fonoaudióloga enfatiza a importância de cuidados preventivos, como evitar a exposição a ruídos intensos e procurar atendimento especializado ao menor sinal de problemas auditivos, como zumbido ou dificuldade de compreensão. Estas medidas são essenciais para preservar a saúde auditiva e garantir qualidade de vida.
Em suma, enquanto as mulheres podem inicialmente ter uma vantagem biológica que retarda a perda auditiva, ambos os gêneros enfrentam riscos significativos, particularmente à medida que avançam na idade. A conscientização e a prevenção surgem como pilares fundamentais na manutenção da saúde auditiva, um aspecto vital para o bem-estar geral