O que o apagão das redes sociais nos mostra sobre a saúde mental?
Algumas horas sem comunicação online significou tanto uma perda para os negócios, quanto um alívio para muitas pessoas
No último dia 4, o mundo todo foi pego de surpresa com a pane geral nos aplicativos mais utilizados para a comunicação atualmente, a saber o Whatsapp, Instagram e Facebook. Apesar do ocorrido ter afetado além do criador dos serviços, Mark Zuckerberg com a perda de mais de US$ 6 bilhões, e milhares de outros prestadores de serviços que utilizam os apps, o apagão das redes sociais veio para mostrar a incrível dependência que nós, seres humanos, desenvolvemos sobre essa tecnologia.
Nas palavras do psicólogo Alessandro Scaranto, “as redes sociais surgiram para resolver problemas que ainda não existiam na sociedade”. Desse modo, aos poucos, essa tecnologia adentrou no nosso cotidiano e surtiu, em bilhões de pessoas, uma dependência sobre a necessidade de acompanhar e compartilhar, em tempo integral, a vida dos outros e sua própria.
Nesse contexto, uma vez que paira sobre as redes sociais uma aura constante de felicidade e contentamento, esses aplicativos podem despertar sentimentos de comparação extrema e, logo, de baixa autoestima. “Fazemos, constantemente, nos aplicativos, uma propaganda de nós mesmos que, erroneamente, é pensada ser direcionada aos outros”, explica Scaranto. Muito pelo contrário, o psicólogo afirma que essa propaganda é para o nosso próprio bem-estar. “Likes e comentários nos fazem sentir notados”, completa o especialista.
Assim, quem somos nós em um contexto que dispensa afirmações de terceiros?
Impedidos de se comunicarem uns com os outros e de perceberem o dia a dia de outras pessoas, “todos foram obrigados a olhar para si mesmos”, explica Scaranto. Independente se foi uma tarde de um longo cochilo ou de brincadeiras com o filho ou de uma leitura proveitosa, com toda essa tecnologia fora do ar foi possível viver a vida fora de um palco.
“Nos desacostumamos a fazer atividades fora da internet. O tempo é passado simplesmente com o correr dos dedos sobre as telas”, alerta o psicólogo. Com esse apagão, fomos forçados a ouvir o nosso próprio barulho, haja vista que o barulho dos terceiros foi silenciado. Scaranto afirma que isso despertou um olhar para dentro de nós mesmos.
Vale ressaltar ainda que o apagão das redes sociais não só serviu como um despertar para a nossa própria realidade, mas também como um bálsamo, por meio do hiato mundial. “Essa conexão desenfreada e dependência, por nos deixar cegos quanto à nossa vida, gera uma profunda exaustão mental, e, por consequência, também física”, alerta o psicólogo.
Ficar off-line, mesmo que por algumas horas, significou o contato não mais somente com os outros, mas consigo mesmo. Será que essas 6 horas fora do ar, portanto, mostraram que o nosso tempo é direcionado a coisas tão banais que nos fizeram perder a noção do que realmente é importante em nossa vida?
Serviço: Alessandro Scaranto
Psicólogo – Especialista em Saúde Pública e Saúde da família
Acupunturista
11 – 99463 7019
@scaranto_psicologia