Avanços tecnológicos na detecção e tratamento do câncer de mama: uma perspectiva de esperança
As chances de cura ultrapassam a 90% em casos de diagnóstico precoce. No Vera Cruz Medicina Diagnóstica, tecnologia de imagem avançada e disponibilidade de diferentes métodos de biópsias auxiliam na detecção da doença
Os avanços tecnológicos aplicados ao conhecimento médico têm desempenhado papel crucial na luta contra o câncer de mama. O diagnóstico precoce – quando a doença está em estágio inicial – e tratamento eficaz, com multiprofissionais, ampliam as perspectivas de sobrevivência e melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), as chances de cura são superiores a 90% nos casos em que a abordagem terapêutica é iniciada nos primeiros indícios do problema. Por outro lado, especialistas estimam que somente 15% dos pacientes que descobrem o problema em estágio avançado conseguem se recuperar.
Diante deste cenário, o câncer de mama é um dos mais estudados atualmente em todo o mundo. Um dos focos principais é incentivar e viabilizar exames cada vez mais certeiros e rápidos, que permitam a tomada de decisões em tempo compatível com a reversão da doença. Neste sentido, ano a ano, surgem equipamentos cada vez mais modernos, novas técnicas de análise são adotadas e a inteligência artificial ganha cada vez mais espaço.
Dentre os avanços mais recentes na área de exames por imagens, a médica Sandra Teixeira, radiologista, coordenadora da Imagem da Mama do Vera Cruz Medicina Diagnóstica, em Campinas, destaca a tomossíntese mamária. “É uma evolução da mamografia tradicional. Ao invés de apenas duas imagens obtidas com o aparelho normal, o equipamento realiza de nove a 16 imagens da mama em angulações diferentes e as reconstrói. Por isso, é popularmente conhecida como ‘mamografia 3D´. Permite a visualização da mama em diferentes ângulos e fornece informações adicionais e sequenciadas, possibilita a identificação de lesões que poderiam estar `escondidas´ ou sobrepostas ao tecido mamário normal visto na mamografia. Para entender essa sobreposição, que chamamos de somação de imagens – imagine a mama na mamografia: a mama toda é comprimida e uma glândula fica sobre a outra; pense naquela brincadeira de criança, de criar sombras com as mãos. São criadas imagens que não existem, correto? São sobreposições das mãos e dedos, uns sobre os outros. Então, a própria glândula mamária pode ficar sobre a outra e esconder um nódulo ou até mesmo formar um nódulo que não existe. Com a tomossíntese, os diferentes ângulos permitem que esse fator seja minimizado”, salienta. Atualmente, busca-se cada vez mais o tratamento personalizado. Quanto mais precoce, menores os efeitos colaterais e realizado de forma individualizada, na dose e tempo adequados a cada paciente.
A médica explica que a tomossíntese mamária traz benefícios principalmente em mamas densas, que podem “esconder” mais lesões e que não seriam visualizadas com a mamografia convencional. “Este é um dos fatores que têm contribuído para o aumento na detecção do câncer, principalmente em mamas densas”, diz ela.
Segundo a especialista, na mamografia, assim como na tomossíntese, a imagem do tecido mamário e as lesões mamárias (benignas ou malignas) se apresentam com coloração branca, já a parte que corresponde à gordura, tem coloração preta. Quanto mais glândula e menos gordura, mais densa é a mama, menos gordura, mais chance de esconder lesões. Então, quando a imagem apresenta “branco no branco”, sem que se perceba um contraste, a lesão pode passar despercebida. A tomossíntese pode ajudar a entremear pela gordura existente em diferentes planos, possibilitando encontrar lesões menores e distorções da arquitetura mamária.
A Dra. Sandra reforça também a importância dos diferentes métodos de imagem mamária serem realizados/interpretados por especialistas na área. “A avaliação da ultrassonografia da mama, por exemplo, é muito difícil e requer muito treinamento. A mama tem um tecido bastante heterogêneo, por isso há uma dificuldade maior em ser observada. É como se fosse um tecido estampado, no qual se procura de forma minuciosa se alguma parte da estampa está um pouquinho diferente”, exemplifica sobre a complexidade. “É diferente de quando se avalia as imagens de um abdome, no qual se consegue ver separadamente o fígado e o baço”, diz.
Além do diagnóstico, a tomossíntese reduz a taxa de reconvocações, quando após realizar a mamografia, a paciente é chamada para realizar incidências adicionais.
O contraponto da técnica é que, na comparação com a mamografia digital de campo total (chamada mamografia DR) há uma dose um pouco maior de radiação. “Mas dentro de limites seguros. Importante destacar que muitos serviços não dispõem da mamografia digital e ainda fazem uso da mamografia convencional, mais antiga, ou da digitalizada (que não é digital de verdade, chamada CR), que têm doses de radiação muito maiores que a mamografia digital ou a tomossíntese”, explica.
A tomossíntese mamária tem sido amplamente utilizada para rastreamento nos Estados Unidos e, também recentemente no Brasil – no início de setembro – a técnica passou a ser recomendada para rastreamento anual de mulheres de risco habitual a partir dos 40 anos – quando disponível – pela Comissão Nacional de Mamografia (CNM). A CNM é formada por representantes de três sociedades envolvidas na área Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e atualizou as Recomendações do Rastreamento do Câncer de Mama no Brasil.
“A tomossíntese deve ser inserida num `combo´ de exames que deve incluir a mamografia, preferencialmente a digital, ou a imagem chamada sintetizada 2D (que seria a soma daquelas diferentes imagens da tomossíntese). De qualquer forma, como em qualquer exame médico, é importante discutir com seu médico os benefícios e riscos da tomossíntese e determinar a melhor abordagem para a detecção do câncer de mama com base no histórico médico e perfil individual”, sugere.
A realização da tomossíntese é similar à mamografia tradicional, comprime a mama da mesma forma. No entanto, em vez de tirar uma imagem são realizadas imagens em finas fatias, ou “cortes”, de mama. A técnica também pode ser utilizada em pacientes com prótese mamária.
Legado
Segundo a especialista, a mamografia tradicional é que permitiu os avanços em termos de diagnóstico de imagem vivenciados atualmente. Serviu de base de referência para o rastreamento e diagnóstico do câncer de mama, permitiu a compreensão anatômica, possibilitou a criação de programas de triagem em massa e despertou a conscientização. “Hoje temos a mamografia digital, que também é um importante avanço, oferece maior precisão, permite imagens mais nítidas e o armazenamento eletrônico, que é bastante útil para efeitos de comparação”, explica.
A mamografia é tida como a padrão do rastreamento do câncer de mama e, em alguns casos, pode ser atrelada a outros exames. “A ressonância magnética é um método de alta resolução, tridimensional, que traz informações morfológicas e fisiológicas, por meio do uso de contraste. Múltiplos estudos demonstraram que o método tem uma sensibilidade de 68-96% e especificidade de 81-96,8%, o que representa alta sensibilidade e significativa capacidade de encontrar um nódulo suspeito de câncer. Tendo com a biópsia sua confirmação”.
No entanto, a médica explica que por sua alta sensibilidade, a ressonância também pode detectar muitos achados suspeitos que não são câncer, chamados de falso negativos. Levando a biópsias desnecessárias. De qualquer forma, cabe ao médico especialista julgar quando ela será necessária e se a relação risco-benefício valerá a pena.
O princípio de tudo, destaca a médica, é o autocuidado. “O padrão ouro do rastreamento é a mamografia anual a partir dos 40 anos, como preconizado pela CNM”, diz ela. Além disso, recomenda-se que toda mulher, a partir dos 30 anos, consulte seu médico a fim de calcular o seu risco de desenvolver o câncer de mama. “Sabendo o risco de cada mulher, é possível personalizar o rastreamento, recomendar exames e definir idade e periodicidade em que devem ser realizados. Em casos de pacientes de alto risco, ou seja, com risco calculado maior ou igual a 20%, o início do rastreamento deve ser antecipado. Também é indicado o autoexame da mama. O autoexame não serve de rastreamento, mas como forma de conscientização corporal. Deve ser realizado mensalmente, após o término do período menstrual. Muitas pacientes reclamam que é muito difícil, mas se realizado periodicamente, desperta o autoconhecimento das mamas o que ajuda a identificar as alterações, adiantando um retorno com o ginecologista/mastologista se necessário”, salienta.
Se cada grupo fizer sua parte, muitas vidas poderão ser salvas. Em termos tecnológicos na área de exames de imagem, a médica avisa. “Temos muitas novidades vindo por aí, como softwares, novas funções para a inteligência artificial, análises quantitativas (radiômica e radiogenômica) e outras ferramentas que permitirão informações cada vez mais precisas e antecipadas”, conclui.
Sobre o Vera Cruz Hospital
Há 79 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em cinco anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia, tendo, inclusive, ultrapassado a marca de mil cirurgias robóticas, grande diferencial na região e no interior do Brasil. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 35 anos, o Vera Cruz criou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association. Em abril de 2021, o Hospital conquistou o Selo de Excelência em Boas Práticas de Segurança para o enfrentamento da Covid-19 pelo Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (IBES) e, em dezembro, foi reacreditado em nível máximo de Excelência em atendimento geral pela Organização Nacional de Acreditação.