Como as práticas ESG beneficiam as empresas e por quê adotá-las?
Iniciativas ambientais, sociais e de governança corporativa impactam as companhias em relação ao mercado
O mundo está voltado para discussões sobre o meio ambiente e como as empresas se posicionam sobre o assunto – principalmente em relação aos impactos que podem causar aos ecossistemas. Desde a COP 26, que aconteceu no mês passado em Glasgow, a maior da cidade Escócia, os questionamentos estão em torno de como diferentes companhias se comportam em relação às práticas de ESG (abreviação de Environmental, Social and Governance).
Apesar de o tema retornar ao centro das discussões em decorrência da reunião de líderes, sua apresentação ao mundo se deu em 2005 durante conferência liderada por Kofi Annan, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A discussão gerou um relatório chamado “Quem se importa ganha”, em tradução livre, com o objetivo de mobilizar líderes do mercado financeiro em torno de questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável das companhias.
Na prática, a sigla engloba as práticas de ambientais, sociais e de governança adotadas por uma corporação. Em relação à primeira, é levado em conta como uma empresa administra o manejo de recursos naturais, os impactos positivos ou negativos no que diz respeito às mudanças climáticas, uso racional de energia e emissão de poluentes, por exemplo.
Uma característica que está sendo observada em investidores brasileiros, além do desempenho dos ativos das organizações, são os seus propósitos de responsabilidade ambiental. De acordo com a Global Wealth Resarch, pesquisa encomendada pela Ernst & Young com 2.500 clientes de 21 países, o interesse por problemas ambientais (como o desmatamento), durante a avaliação de uma empresa, foi apontado como relevante por 63% dos participantes brasileiros. Em relação ao total de entrevistados, apenas 19% seguiram essa tendência de preocupação.
“Os dados dessa pesquisa revelam a preocupação do brasileiro com os recursos naturais. No Brasil esse assunto é mais complexo, já que estamos no centro dos debates que envolvem o meio ambiente”. Essa é a observação da advogada especialista em Direito Ambiental e presidente da Comissão de Direito de Energia da OAB de Minas Gerais, Cristiana Nepomuceno, que ressalta o movimento “Empresários Pelo Clima”. Na ocasião, em setembro deste ano, presidentes e figuras do alto escalão de empresas como Bradesco, Cosan, Embraer e Natura, pediram engajamento de autoridades políticas durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Cristiana sinaliza que a atuação de grandes nomes do setor reforça a preocupação das companhias em atuarem dentro de princípios que garantam a preservação e utilização consciente dos recursos naturais. “A iniciativa mostrou a preocupação do empresariado brasileiro com a representação do país em torno desse assunto. Por outro lado, puderam apresentar as iniciativas independentes e que colaboram para a manutenção dos ecossistemas”, diz.
Em resumo, as medidas que envolvem ESG podem impactar positivamente o controle financeiro e fiscal de empresas, através do uso racional e eficiente de recursos monetários; sua imagem em relação ao mercado, com reconhecimento e atração de investimentos, por exemplo; e o baixo risco de punições legais por eventuais danos ao ambiente.
Mais importante que apresentar medidas sustentáveis no mundo corporativo, as empresas devem considerar as metas alcançáveis, reforça Cristiana. Para a especialista em Direito Ambiental, “não basta ilustrar que todo o processo é sustentável, ou que resulta em baixo impacto ambiental, utilizar de números que brilham os olhos e discursos positivistas em excesso. A verdadeira intenção são as responsabilidades que, de fato, a organização pode encabeçar e apresentar resultados efetivos”, finaliza.
Pedro Henrique Araujo
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