”Extremamente ativa, corajosa e determinada”, diz Caiado ao destacar protagonismo de Dona Iris
Ex-senadora, deputada federal e primeira-dama de Goiás faleceu em Goiânia, após não resistir às complicações de um procedimento cirúrgico no pulmão. Velório no Paço Municipal foi marcado por homenagens
O governador Ronaldo Caiado prestou homenagens, nesta quarta-feira (22/2), à ex-senadora e deputada federal por Goiás, Iris de Araújo Rezende Machado, a quem atribuiu notável protagonismo feminino no cenário político nacional. “Uma primeira-dama muito marcante do ponto de vista do trabalho. E, como parlamentar, extremamente ativa, corajosa e determinada, que realmente fez valer os mandatos”, afirmou durante o velório realizado no Paço Municipal de Goiânia.
“Foi ativa numa época em que as mulheres não participavam tanto da política. Há 60 anos, já era dinâmica e se impunha não só como primeira-dama, mas com ações de enfrentamento da pobreza”, continuou Caiado. “Deixou exemplo para mulheres acreditarem na competência, na capacidade de ocupar espaço e definir o seu espaço”, sublinhou. Dona Iris, como era chamada, faleceu na terça-feira (21), aos 79 anos, em um hospital da capital, após não resistir às complicações de um procedimento cirúrgico no pulmão.
Dona Iris foi casada por 57 anos com o ex-governador Iris Rezende Machado. Deixa três filhos, Cristiano, Ana Paula e Adriana, e dois netos, Mariana e Daniel. O falecimento levou o governador a decretar luto oficial de três dias no estado. Caiado a definiu como baluarte para os goianos, pois nunca “se ausentou ou se acovardou diante das dificuldades”. “É uma pessoa que cedeu muito na vida pra que tudo caminhasse em prol de Goiás. Ela merece todas as homenagens do Estado”, completou.
Em meio às coroas de flores, homenagens e bênçãos do arcebispo emérito de Goiânia, Dom Washington, as filhas de Dona Iris falaram sobre a dificuldade do luto duplo – a morte do pai, Iris Rezende, aconteceu há um ano e três meses. “Já foi muito difícil superar, acho que a gente nem tinha conseguido ainda, e agora minha mãe partiu também. Então, fica um vazio muito grande para nós, como família, para o povo desse estado, para essa cidade”, lamentou Ana Paula Rezende.
A trajetória traçada por Dona Iris também ganhou destaque na fala da filha. “Perdemos não só uma mãe, mas uma mulher guerreira, forte, que ocupou vários espaços, que tinha seu brilho próprio”, continuou Ana, que também falou da relação entre os pais e da proximidade das mortes: “Minha mãe era muito forte, mas meu pai não era sem minha mãe e minha mãe não era sem meu pai. Sempre uma história muito bonita, inclusive o mesmo nome. A gente já vê que isso não é ao acaso”.
O espaço onde ocorreu o velório recebeu mais de 50 coroas de flores e diversas autoridades, entre elas o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, deputados e vereadores. Durante a cerimônia de despedida, servidores públicos municipais manifestaram afeto e cumprimentaram a família. “Quando as pessoas vêm prestar uma homenagem, nos consolar, é muito confortante. Cada um tem uma historinha para contar, alguma coisa que ela fez, uma experiência que teve com ela, e isso é muito bom”, disse Adriana Rezende. Do Paço, o corpo seguiu em cortejo até o Cemitério Santana, onde foi sepultado no início da noite.
Perfil
Dona Iris nasceu em 7 de maio de 1943, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Formou-se em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Ex-primeira-dama de Goiás e de Goiânia, esteve à frente da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) nas gestões de Iris Rezende (1983-1986 e 1991-1994).
Em 1994, foi candidata a vice-presidente da República. Esteve no Congresso Nacional como deputada federal por dois mandatos (2007-2010 e 2011-2014) e como senadora por três oportunidades (2003, 2005 e 2006) – ela havia sido eleita suplente, nas eleições estaduais de 1998, do então senador Maguito Vilela. Também já ocupou a presidência nacional do PMDB. Atualmente integrava o Diretório Estadual do MDB, no qual esteve ao longo de toda a sua carreira política, marcada pelo trabalho de ajuda aos mais vulneráveis.