Oswaldo e Edith Stival (ao centro) com a nora Neusa Vilela Stival e o filho Edwaldo Peixoto Stival no memorial do Instituto. CRÉDITO: João Paulo Balestra

Nova Veneza ganha nova atração

Inaugurado no fim de semana, o Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival e Edith oferece um memorial da história da imigração italiana no Centro-Oeste e reproduz, em sua fachada, cenários de Veneza, cidade de onde saíram os fundadores de Nova Veneza. Espaço está aberto para visitação gratuita, a partir desta terça, 8 de março. Espetáculo Dança das Luzes será um atrativo nos fins de semana

História, memórias, luzes, emoção. O sábado, 5 de março, foi marcado pela inauguração do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival e Edith, em Nova Veneza (GO), cidade a cerca de 30 km de Goiânia. O espaço oferece um memorial com resgate histórico da maior ocupação italiana no Centro-Oeste, além de ser um novo atrativo turístico para a cidade com a reprodução cenográfica, em sua fachada, de cenários de Veneza, terra de onde partiram os imigrantes que chegaram a Goiás por volta de 1910.

População, autoridades e empresários prestigiaram a solenidade de inauguração, que contou com homenagens a Oswaldo Stival e sua família, idealizadores do espaço. “O Instituto veio estabelecer aqui na cidade o resgate histórico e trazer um desenvolvimento permanente. Agradeço ao senhor Oswaldo e dona Edith por conceder oportunidade aos mais jovens, como eu, de conhecer nosso passado”, disse o empresário e político Daniel Vilela. “É uma felicidade estarmos aqui prestigiando essa família de empreendedores, representantes de um estado que eles trabalham fortemente, agregando fortalecimento econômico e trazendo crescimento”, disse o governador do Tocantins Wanderlei Barbosa, que veio de Palmas para prestigiar o momento.  

“Como filho de imigrante que sou, fico emocionado de ver a coragem desse povo em realizar uma obra como essa, que reforça o turismo e a cultura italiana. É um lugar para as pessoas visitarem”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, que aproveitou a oportunidade para entregar a Oswaldo Stival a comenda do Mérito Industrial por suas contribuições ao desenvolvimento industrial de Goiás e Tocantins, por meio do Sindicato do Arroz.

O agropecuarista de Urutaí (GO), distante 208 km de Nova Veneza, Adeílson Amorim, esteve pela primeira vez no município e estava encantado com a estrutura do Instituto. “Eu vi uma reportagem na TV e vim atraído para conhecer este Palácio, que é muito bonito”, disse, referindo-se a uma das fachadas, que faz a reprodução do Palazzo Ducale, ícone da cidade de Veneza. A outra fachada representa as casas típicas e charmosas dos canais venezianos. Ao todo, são 70 metros lineares de reprodução cenográfica com mais de 10 metros de altura.  “É uma réplica perfeita, sensacional”, exclamou a conselheira do Comitê dos Italianos no Exterior, Amailime Sansaloni.

Moradora da cidade há 7 anos, Nair Almeida dos Santos disse que sua história começou quando veio visitar uma amiga. “Morava no Centro de Goiânia antes de vir para cá. Gostei do clima e das pessoas, e decidi ficar aqui. O Instituto Cultural possibilitará que as pessoas conheçam mais dessa cultura.  A duração do Festival Italiano, que atrai muitos visitantes, é de apenas alguns dias; já o Instituto é constante e para sempre”, ressaltou, aprovando a iniciativa.

Oswaldo Stival e Edith Peixoto são descendentes dos fundadores de Nova Veneza e, por isso, sempre tiveram um forte vínculo com o município. Oswaldo foi prefeito da cidade por dois mandatos e se tornou um grande benfeitor de obras sociais e culturais na cidade. Foi idealizador do Festival Italiano de Gastronomia e Cultura em Nova Veneza, que passou a atrair mais de 100 mil visitantes por ano à cidade. Ele recebeu o título de comendador direto do presidente da Itália em 2012 por conta do reconhecimento de suas relevantes obras de resgate da cultura italiana no Brasil. O instituto é mais uma contribuição da família para tornar permanente o compromisso que têm com o resgate da história e propagação do legado cultural da Itália.

“Queremos também, com o instituto, estabelecer parcerias para fomentar a cultura italiana e o turismo por meio de cursos, apresentações e outras iniciativas. Já estamos em tratativas com entidades e parceiros para, em breve, trazer essas novidades”, anunciou o médico Alessandro Stival, neto de Oswaldo Stival e um dos coordenadores do espaço.

Durante a solenidade de inauguração, os presentes foram agraciados com apresentação do tenor com carreira internacional, Adriano Pinheiro. O  público também conheceu mais uma atração do instituto, que é a “dança das luzes”, um espetáculo à parte de sonorização e show luminotécnico na fachada cenográfica com mais de 1000 metros de fitas de led em toda a estrutura, além de dezenas de ribaltas de luz que proporcionam a combinação de cores diferentes. Um show de queima de fogos de artifício abrilhantou a festa e, na sequência, o memorial foi aberto para visitação.

Memorial

O memorial do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival e Edith reúne objetos históricos dos ascendentes italianos do casal, que ajudam a fazer um resgate da imigração italiana no Centro-Oeste. Um rádio, modelo Philips 313 A, fabricado na Alemanha no fim da década de 1930, pertenceu ao pai de Oswaldo, João Batista Stival, e poderá ser visto. Foi por ele que a família passou a ter notícias da Segunda Guerra Mundial na Europa, a mais de 9 mil km de distância. 

O memorial conta também com o primeiro telefone instalado em Nova Veneza, em 1939, justamente pela família Stival. O modelo do aparelho é um Kellogg, todo de madeira, fabricado por volta de 1930. Uma máquina de escrever da marca Remington, da década de 1930, também chama a atenção, pois foi por ela que a família começou a organizar os trabalhos com a lavoura.

Objetos como garruchas (armas), espada, navalha alemã da marca Solingen, modelo La cabeza, prendedor de papel de bronze, em estilo vitoriano antigo, e strop de madeira para amolar e afiar facas/navalhas, fazem parte do museu e mostram como era a vida em Goiás naquela época. A família passou a plantar lavouras e criar gado em meio à falta de segurança que predominava, pois não existia, até então, estrutura do poder público para impedir disputas, e as pessoas precisavam se proteger e seus pertences.

Uma boneca italiana de mais de 100 anos faz parte do acervo. Ela foi presente que Edith ganhou da avó Tereza Zanini Peixoto, além de um antigo cabideiro de madeira, uma tesoura antiga de alfaiate da marca francesa Vitry Freres e cartões postais da França, que eram herança de família. 

Funcionamento

O funcionamento do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro Oswaldo Stival e Edith será de terça a domingo, gratuitamente para a população. De terça a domingo, estará aberto para visitação das 14h às 18h. Aos sábados,  o memorial, de 9h às 12h e das 15h às 19h. Domingo, as visitas podem acontecer de 9 às 13h. 

Aos finais de semana, a dança das luzes acontecerá às sextas-feiras e sábados, em duas sessões: às 20h40 e  às 21h e, aos domingos, às 20h30.

O instituto fica situado ao lado da Praça Matriz da cidade, na Avenida Vereador José Francisco Silva, número 396, Casa 01, no Setor Central.  Mais informações: @instituto_oswaldostivaledith

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *