Pandemia impacta mercado interno do agronegócio brasileiro
A pandemia causada pelo coronavírus continua afetando diferentes setores da economia no mundo, inclusive a cadeia produtiva do agronegócio. Um aumento que o produtor rural sentiu recentemente foi no preço dos insumos agrícolas. O mercado observou uma demanda crescente no Brasil e em outras partes do mundo e isso impulsionou os preços dos fertilizantes nas últimas semanas, especialmente de dezembro de 2020 até o momento.
O analista de mercado Cristiano Palavro explica que a demanda bastante aquecida é fruto do crescimento da área plantada no Brasil, tudo isso impulsionado pelos crescentes preços das commodities agrícolas. “Os valores dos insumos estão reagindo às altas do dólar frente ao real, e isso amplia o custo de produção em toda a cadeia”, destaca o especialista.
Palavro reitera que essa valorização dos insumos também influenciou os preços dos produtos, o que gera uma relação de troca favorável ao produtor rural em relação aos anos anteriores.
Início da safrinha e risco de escassez
Muito tem se especulado sobre uma possível escassez de insumos em Goiás, já que outros estados já registraram baixa de produtos. Uma pesquisa online feita pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) avaliou os efeitos dos seis meses da pandemia na indústria, e mostrou que 47% das empresas estão encontrando dificuldades para conseguir insumos, matérias-primas e mercadorias do setor agropecuário.
A pesquisa também apontou que 63% das empresas estão com o estoque baixo, fazendo com que o preço da matéria-prima aumente consideravelmente. “Não acredito que teremos escassez ou falta do produto em Goiás. Porém, os preços estão reagindo a uma demanda firme, somada a altas observadas nos custos dos fretes (marítimos e terrestres)”, explica o analista de mercado.
Palavro pontua ainda que em relação à escassez, o que foi observado foi uma pequena baixa nos nitrogenados nas últimas semanas que antecederam o início do plantio da safrinha.
Mais economia na produção
O produtor rural Alysson Magalhães, de Piracanjuba (GO), sentiu no bolso a alta dos produtos químicos. Para conseguir produzir a soja na safra e o milho na safrinha, ele mudou o tipo de manejo para garantir a produtividade e ter lucro. “Eu eliminei totalmente o cloreto de potássio, que é importado, caro e saniliza meu solo, e dei preferência aos insumos naturais. No final tive uma economia de 20% do custo total da minha produção”, explica.
O produtor conta ainda que adotou a sustentabilidade e usou em suas lavouras os remineralizadores de solo, que são conhecidos por regenerar o solo e melhorar as plantas, e ele garante que não se decepcionou com a escolha. “Optei pelo Fino de Micaxisto (FMX) para a produção da safra e fiz 80 sacas de soja por hectare”, diz ele satisfeito.
Substituição sustentável
O mestre em agronomia e especialista em fertilidade do solo e nutrição de plantas, Saulo Brockes, diz que os produtores rurais podem substituir os químicos com outras fontes de nutrientes como as orgânicas, minerais ou organominerais, também chamadas de bioinsumos.
Consideradas boas opções, as rochas fosfatadas são usadas como fonte de fósforo e os remineralizadores e condicionadores de solo como fontes de potássio. “O principal objetivo dessas ferramentas, além da nutrição de plantas, é melhorar a qualidade do solo com os manejos sustentáveis”, explica o especialista.
O agrônomo garante que os biosinsumos podem sim substituir os fertilizantes por completo, desde que tenham os teores nutricionais nas quantidades adequadas para as plantas. Esses tipos de insumo, como o Fino de Micaxisto, por exemplo, custa em média R$ 60,00 a tonelada. Se for comparada com a mesma quantidade do cloreto de potássio, o valor não chega a 5% do fertilizante importado. “O produtor rural fica livre para fazer a conta e ver qual a economia no final da produção”, diz.