Combate ao bullying: escola estimula o diálogo e a autorregulação dos alunos

Maple Bear Goiânia trabalha com valores fundamentais nas relações como respeito, percepção do outro e desenvolvimento amplo da aprendizagem

Assim como a família, a escola é um ambiente fundamental de convivência, construção de conhecimento, aprendizagem e formação para as crianças. Ao longo dos anos, esse espaço institucional vem se transformando e assumindo um papel menos voltado para as habilidades exclusivamente técnicas, para ampliar as relações socioafetivas, além do desenvolvimento acadêmico e emocional. 

Uma escola que oferece aos alunos a oportunidade de encarar diferentes experiências da vida social, estimulando que eles estejam seguros e confortáveis para expressarem seus sentimentos, inclusive nos momentos em que os comportamentos são considerados inadequados — lidando com emoções como o amor, raiva, ansiedade, vergonha, frustração e timidez de uma forma saudável e acolhedora —, é um ambiente que forma os alunos em sua integralidade.

Em um contexto em que cresce cada vez mais o debate sobre a intimidação sistemática, mais conhecida como Bullying, o posicionamento institucional tem feito a diferença. Boas práticas foram destacadas nesta semana que marca o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola (7 de abril). A Escola Canadense Maple Bear Goiânia, por exemplo, estabelece uma metodologia de trabalho pedagógico naturalmente pensada para que as crianças, além da experiência da aprendizagem, tenham autonomia para perceber o outro nas relações, vínculos e interações socioafetivas. De acordo com a diretora-geral da escola, Cida Corrêa, o objetivo do trabalho é o desenvolvimento da autorregulação desses alunos. 

“O trabalho é pensado para que a criança vá se percebendo na experiência de aprendizagem, vá percebendo o outro nessa experiência, vá estabelecendo o vínculo e a interação socioafetiva com essas pessoas e vá avançando no desenvolvimentos da autorregulação. Nós trabalhamos com modelagem para que a criança, naturalmente, dentro de um espaço de conforto e segurança, ela consiga desenvolver a modulação emocional, cognitiva e comportamental. Entendemos que essa é a melhor forma de investir na saúde emocional dessas crianças”, afirma ela. 

“A prática é desenvolvida por toda a equipe e se baseia na filosofia de ensino da escola. Também temos o apoio de profissionais da área da psicologia, que trabalham dentro da escola para ir somando e aplicando estratégias específicas dentro do contexto escolar, que não é psicoterapêutico. No entanto, algumas estratégias de cunho psicológico são associadas às estratégias pedagógicas, para que a criança tenha a oportunidade de se desenvolver emocionalmente de maneira saudável e efetiva”, completa a diretora. 

Diálogos

Em relação ao Bullying, a instituição afirma que não existe uma preocupação exclusiva que demande projetos e ações, já que, segundo Cida Corrêa, a escola não identifica comportamentos que configuram essa prática abusiva. “Dentro da Maple Bear nós compreendemos que não existe nenhum comportamento que configure bullying. Uma das coisas que a gente gosta muito de tratar com as famílias, com os alunos e com os educadores, é a diferenciação sobre a prática de bullying a de comportamentos que são naturais na fase de desenvolvimento das crianças. O que trabalhamos é no sentido de ajudar a criança a refletir as escolhas do seu comportamento, modelando para elas, encorajando, para que tomem decisões mais adequadas possíveis frente ao comportamento”, diz ela.

Para a mediação desses possíveis conflitos, o incentivo é o diálogo. “Quando a gente se depara com alguma situação que interferiu no relacionamento das crianças, que gerou alguma consequência, alguma insatisfação, a primeira coisa é criar um ambiente propício ao diálogo. Reunimos as crianças num ambiente saudável, organizado, tranquilo e, sobretudo, seguro e com a mediação de um adulto, que no caso é o professor ou a coordenadora ou a psicóloga, para promover o diálogo, para que cada um se coloque, coloque o que sente, reflita suas escolhas, estabeleça a relação de causa e consequência e que faça a reparação do dano causado”, afirma Cida. 

“Nós sempre conversamos com as crianças, mostrando para elas o dano causado, a cada ato, quando é uma situação mais pontual envolvendo pares ou um pequeno grupo. Quando a situação envolve todo o grupo de alunos, nós desenvolvemos ações mais globais, com pequenas palestras, dinâmicas de grupo, reflexões sobre os contratos, com o estabelecimento de novas metas e a gente busca estabelecer essas ações, tendo os alunos como protagonistas”, esclarece a diretora.

Ainda de acordo com Cida Corrêa, as ações realizadas para combater o bullying na instituição são de cunho educativo. “Nenhum problema, nenhuma pequena agressão ou comportamento inadequado na escola é negligenciado por qualquer um dos educadores. Todos os comportamentos são pontuados para que a criança faça a reflexão, não trabalhamos com ações nem de cunho punitivo e nem de recompensa, entendemos que isso é apenas condicionamento de comportamento e nós queremos que a criança desenvolva a aprendizagem”, finaliza.

Reflexão

De acordo com os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2018, 29% dos estudantes brasileiros relataram terem sofrido bullying naquela época. A média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 23% e o ambiente pouco receptivo afeta o desempenho dos estudantes. O Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, instituído todo 7 de abril, é uma iniciativa para chamar a atenção para os problemas causados pelo bullying e estimular a reflexão sobre o tema. A lei federal nº 13.277/2016 estabelece diretrizes para capacitar os docentes e as equipes pedagógicas, a fim de implementar ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema.

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