Doenças respiratórias e internações hospitalares aumentam neste outono. Nova vacina da rede privada para maiores de 60 anos protege contra síndromes respiratórias.

Boletim InfoGripe mostra maior incidência do vírus sincicial respiratório (VSR), causador de quadros respiratórios, em comparação com os vírus influenza e covid

Historicamente, o outono chega e traz com ele as doenças respiratórias. Segundo especialistas, é nesta época do ano que mais brasileiros buscam atendimento médico-hospitalar por conta dos sintomas como quadros de corrimento nasal, febre, tosse, cansaço e falta de ar, com necessidade de uso de oxigênio e, algumas vezes, suporte ventilatório em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Por isso é indispensável se proteger para evitar as formas graves de resfriados, gripes, bronquiolites e pneumonias. A vacina é um dos aliados da população para frear o aumento de internações e casos de doenças respiratórias, típicos do outono.

A novidade é que existe um novo imunizante contra o vírus sincicial respiratório (VSR), conhecido por causar doenças respiratórias graves. Ele é indicado para imunização ativa e prevenção de doenças do trato respiratório inferior, causada pelos subtipos do vírus sincicial respiratório VSR-A e VSR-B. Segundo a infectologista do Laboratório Padrão/Grupo Fleury, Marília Turchi, foi o segundo agente que mais causou internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave em idosos no Brasil em 2023, sendo superado apenas pelo Sars-Cov-2, causador da Covid-19. De acordo com o médico, alguns estudos mostram inclusive uma maior letalidade pelo VSR do que pelo vírus influenza neste grupo.

“Em decorrência disso, há vários anos são estudadas vacinas para o VSR com o objetivo de proteção para os maiores de 60 anos de idade. Uma delas, Arexvy (fabricante: GSK), foi licenciada pela ANVISA e agora está disponível para os clientes dos serviços privados de vacinação no Brasil. Como a vacina demonstrou eficácia por duas temporadas do vírus, a recomendação atual é que seja aplicada em dose única, em qualquer mês do ano, apenas para pessoas a partir de 60 anos”, explicou a infectologista Marília Turchi.

Segundo o boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz, nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de influenza A (23%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (57,8%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (10,7%). Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de influenza A (32%), influenza B (0,3%), vírus sincicial respiratório (10,8%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (53,9%).

Também de acordo com o Infogripe, o aumento médio das internações foi de 15% nas três primeiras semanas, em relação ao mesmo período do mês passado – principalmente por causa da internação de crianças de até dois anos, que cresceu 46%. Dos 27 estados brasileiros, 20 registraram alta. Vale lembrar que a Sociedade Brasileira de Infectologia está com uma campanha para que as pessoas entendam – ou relembrem – a importância de tomar as vacinas. Para proteger contra doenças respiratórias existem as vacinas da gripe e pneumocócica.

Perguntas e respostas sobre o vacina vírus sincicial respiratório e a vacina Arexvy, porMarília Turchi (FOTO), infectologista do Padrão/Grupo Fleury

  1. O que é Vírus Sincicial Respiratório (VSR)?

O VSR (vírus sincicial respiratório) é um vírus Rna que existe como dois subgrupos antigênicos, A e B, que podem circular juntos durante a mesma estação. Causa quadros respiratórios em todas as faixas etárias, mas é mais conhecido por causar doenças respiratória em bebês e crianças. No entanto, é um dos maiores responsáveis por internações por doenças respiratórias em maiores de 60 anos de idade. Entre os sintomas da doença estão o corrimento nasal e febre, que começam três a cinco dias após a infecção. O quadro pode evoluir para formas graves de acometimento respiratório.

  1. Ele circula durante todo o ano?

Sim, mas a maioria dos casos geralmente ocorrem no inverno e no início da primavera. Nas Regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, a maioria dos casos acontecem entre os meses de março e julho; na Região Sul entre abril e agosto. Já na Região Norte, o maior número de casos acontece entre fevereiro e junho.

  1. Qual o tratamento? 

Infelizmente não há nenhum medicamento que combata diretamente o vírus. Mesmo os casos graves são tratados com recursos para manutenção da vida (hidratação, oxigenação, respiradores e outros).

  1. Qual a sua importância como causa de doença grave nos maiores de 60 anos?

A Vigilância Epidemiológica do Brasil detectou a ocorrência de cerca de 640 casos graves da doença internados em 2023. Esse número é certamente maior, já que nem todos os hospitais fazem parte dessa rede de notificações. Dependendo das condições de saúde prévia do paciente, o percentual de óbitos chega a superar àquele dos casos de gripe (influenza).

  1. Como é feita a imunização com a Arexvy, da fabricante GSK

A vacina é feita em uma única dose por via intramuscular profunda. Ainda não foi demonstrada a necessidade de reforços. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a vacina aos maiores de 60 anos, em qualquer mês do ano.

  1. Ela pode ser aplicada no mesmo dia com outras vacinas?

Foi estudada a aplicação no mesmo dia que a vacina influenza (gripe), não tendo ocorrido diminuição importante da produção de anticorpos nem aumento relevante de eventos adversos. A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm) recomenda, portanto, a aplicação no mesmo dia dessas vacinas. Em relação a outras vacinas, o médico deve avaliar a necessidade da aplicação simultânea.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *