Para além da queda de cabelo: como é o dia a dia de quem está tratando a Leucemia Mieloide Aguda (LMA).  

Recentemente, a influenciadora Fabiana Justus divulgou seu diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), considerada o tipo mais grave e agressivo das leucemias.1 Durante as últimas semanas, ela compartilhou com seus seguidores que raspou os cabelos devido à grande queda ocasionada pelo tratamento. Para ela, raspar os cabelos foi o instante em que a “ficha caiu”, mas vê o ato como um momento pequeno comparado com tudo que está por vir.

Devido ao depoimento de Fabiana, veio à tona a necessidade de discutir não apenas a doença em si, mas também a jornada desse paciente, uma vez que a LMA é complexa e exige cuidados e tratamentos específicos, tanto para saúde física quanto mental. Portanto, gostaria de sugerir, como pauta, explicar como é a jornada dos pacientes com LMA durante o tratamento. Além disso, temos à disposição o Dr. Roberto Magalhães, médico hematologista do Hospital Icaraí e fundador/gestor do Grupo de Hematologia e Transplante de Medula Óssea de Niterói, para esclarecer dúvidas sobre o assunto.

Abaixo seguem alguns tópicos importantes para abordar na pauta sobre a jornada do paciente com LMA:

A relação médico-paciente e o que é importante perguntar ao médico
Quando o paciente é diagnosticado com Leucemia Mieloide Aguda (LMA), é essencial que ele esteja bem-informado sobre sua condição para participar ativamente do seu plano de tratamento. Nesse sentido, uma relação aberta entre médico e paciente se mostra essencial, pois permitirá ao paciente abordar suas dúvidas sobre o diagnóstico e a nova rotina com a LMA. Essa abertura não só fortalece a comunicação e o apoio emocional, mas também capacita o paciente a tomar decisões assertivas e se tornar um parceiro ativo em seu tratamento, resultando em uma jornada de saúde mais informada.

Portanto, uma maneira importante de o paciente se envolver é fazendo perguntas significativas ao médico. Algumas perguntas cruciais, que podem auxiliar o paciente a compreender sua condição e o caminho em direção à sua recuperação, estão descritas a seguir:

Qual é o meu diagnóstico? – Peça ao seu médico para explicar detalhadamente o que é a LMA, incluindo como ela afeta seu corpo e quais são as implicações para sua saúde.
Qual é o estágio da minha LMA? – Compreender o estágio da doença ajudará a determinar as opções de tratamento e prognóstico, ou seja, quais as perspectivas para o futuro próximo
Quais são as opções de tratamento disponíveis para mim? – Discuta todas as opções de tratamento possíveis, incluindo quimioterapia, terapia alvo, transplante de medula óssea e outras terapias emergentes.
Quais são os possíveis efeitos colaterais do tratamento? – É importante estar ciente dos possíveis eventos adversos associados a cada opção de tratamento, para que você possa se preparar e gerenciar adequadamente qualquer desconforto.
Qual é o prognóstico da minha condição? – Pergunte ao seu médico sobre suas perspectivas de recuperação e sobre quaisquer fatores que possam influenciar seu prognóstico individual.
Com que frequência devo realizar exames de acompanhamento? – Entender o cronograma de acompanhamento é fundamental para monitorar a eficácia do tratamento e detectar quaisquer mudanças na condição da LMA.
Quais são as minhas opções de suporte durante o tratamento? – Informe-se sobre serviços de apoio disponíveis, como serviços de apoio psicológico, grupos de apoio a pacientes e programas de cuidados paliativos.
Há alguma restrição de estilo de vida que eu deva observar durante o tratamento? – Pergunte ao seu médico sobre quaisquer restrições dietéticas, atividades físicas ou outras considerações que possam ser relevantes para preservar sua saúde durante o tratamento.
Como posso falar com você em caso de dúvidas ou preocupações? – Certifique-se de ter as informações de contato do seu médico para que você possa procurá-lo sempre que houver necessidade durante o tratamento.

Acompanhamento médico regular durante o tratamento da LMA
É essencial ressaltar que a LMA é uma doença complexa e agressiva, que requer um plano de tratamento personalizado e adaptado às necessidades individuais de cada paciente. Nesse contexto, o acompanhamento médico regular se torna imprescindível para monitorar de perto a evolução da doença e ajustar o tratamento conforme necessário.2

Além disso, o monitoramento contínuo durante o tratamento da LMA é crucial para avaliar a eficácia das terapias utilizadas, sejam elas quimioterapia, terapia alvo ou transplante de medula óssea, entre outras opções. É por meio desse acompanhamento que se torna possível identificar precocemente sinais de resposta inadequada ao tratamento, permitindo intervenções rápidas e eficazes para otimizar os resultados clínicos.2

Outro ponto relevante é a detecção precoce e o gerenciamento de possíveis complicações associadas ao tratamento da LMA, como infecções e anemias, entre outros eventos adversos. O acompanhamento médico regular proporciona uma vigilância ativa dessas complicações, permitindo um manejo adequado para minimizar o impacto na qualidade de vida do paciente e garantir a continuidade do tratamento de forma segura.2

Equipe multiprofissional envolvida no cuidado de pacientes com LMA
A equipe multiprofissional envolvida no cuidado de pacientes com Leucemia Mieloide Aguda (LMA) desempenha um papel crucial no diagnóstico, tratamento, acompanhamento e acolhimento por meio de informações aos familiares. Compreender a importância e a composição dessa equipe é fundamental para garantir uma abordagem abrangente e eficaz no cuidado desses pacientes.3

A equipe multiprofissional (ou multidisciplinar) geralmente é liderada por um onco-hematologista ou oncologista especializado em doenças do sangue, que coordena o plano de tratamento e monitora a evolução da LMA ao longo do tempo. Este médico é responsável por tomar decisões importantes relacionadas à terapia inicial, chamada terapia de indução, incluindo o uso de quimioterapia ou terapia alvo. Em seguida, será feita a terapia de consolidação, que pode ser baseada em esquemas de quimioterapia, ou em alguns casos, o transplante de medula óssea.3

Além do hematologista ou oncologista, a equipe multiprofissional pode incluir diversos profissionais de saúde, como enfermeiros especializados em oncologia, farmacêuticos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, entre outros. É importante ressaltar que a colaboração e comunicação eficaz entre os membros da equipe multiprofissional são essenciais para garantir uma abordagem integrada e centrada no paciente, visando não apenas o tratamento da doença, mas também o bem-estar físico, emocional e social do paciente e de sua família.3

O Papel do Gene FLT3 na Leucemia Mieloide Aguda: Implicações no Tratamento e Prognóstico

É importante ressaltar que a LMA é uma doença dinâmica que pode evoluir ao longo do tempo, o que é conhecido como recidiva ou recaída. Durante o curso da doença podem ocorrer mudanças genéticas, incluindo mutações no gene FLT3 ou em outros genes relacionados à leucemia. Essas mudanças podem influenciar a escolha do tratamento e o prognóstico do paciente, por isso conhecer a LMA e investigar as mutações é crucial para uma abordagem terapêutica adequada. 4

O gene FLT3 desempenha um papel significativo na Leucemia Mieloide Aguda (LMA), uma vez que mutações nesse gene são comuns e podem estar associadas a um prognóstico desfavorável. A presença de mutações no referido gene pode resultar em crescimento e proliferação descontrolados das células leucêmicas.4

A identificação de mutações no gene FLT3 pode indicar a utilização de terapias específicas, os inibidores de FLT3. Esses medicamentos podem ser utilizados como parte do tratamento inicial ou em casos de recidiva, com o objetivo de melhorar a resposta ao tratamento e os desfechos clínicos. 4

Em resumo, a investigação detalhada das características genéticas da LMA, incluindo a pesquisa de mutações no gene FLT3, é essencial para uma abordagem personalizada e eficaz no tratamento da doença. A identificação precisa dessas mutações permite a seleção do tratamento mais adequado ao paciente, com potencial impacto positivo nos desfechos do tratamento e na qualidade de vida. 4

Referências:

Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2020. FOSP. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2023.
ABRALE. TRATAMENTO Leucemia Mieloide Aguda – LMA. 2024. Disponível em: https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/lma/tratamento/#1583783195758-af5b4193-4aeffb35-83e5e4f6-4203. Acesso em: 20 fev. 2024.
ABRALE. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL Leucemia Mieloide Aguda – LMA. 2024. Disponível em: https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/lma/equipe-multiprofissional/. Acesso em: 20 fev. 2024.
ABRALE. Gene FLT3 mutado influência na leucemia mieloide aguda. 2024. Disponível em: https://revista.abrale.org.br/saude/2022/02/gene-flt3-mutado-influencia-na-leucemia-mieloide-aguda/. Acesso em: 20 fev. 2024.

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