Nosso novo normal na Arquitetura
Todos nós sabemos que o surto pandêmico do Covid-19 trouxe uma nova realidade para a humanidade e principalmente, tem levantado reflexões e questionamentos sobre determinados hábitos. Profissionais de todas as áreas vem repensando sua forma de trabalho, e para nós arquitetos, não poderia ser diferente. Pelo contrário, é imprescindível que sejamos capazes de promover espaços mais eficientes, adaptados à essa nova realidade e além disso, promovendo bem-estar e saúde de cada indivíduo, podendo ser feito através de projetos inteligentes, comprometidos em trazer soluções para essa situação global.
Os meios para conseguir determinado sucesso na efetivação de um projeto diante desse cenário, podem ser feitos a partir de análises dos conseguintes: disposição de layout, a fim de melhorar os fluxos internos; iluminação e ventilação natural, para permitir que o projeto se torne mais salubre; uso de materiais que dificultem a propagação de agentes contaminantes; etc.
Dessa forma, posso citar os 5 ambientes que mais tem passado por esse processo de mudança e sofrido visualmente alterações na sua arquitetura, além de serem os principais espaços mais discutidos com os clientes na etapa do briefing:
- Espaços de Home Office
A medida que se impôs o isolamento como forma de conter o vírus, trabalhar em casa tornou-se uma realidade para muitas pessoas, mesmo que essa prática não fosse novidade, passou-se a ser indispensável para a maioria. Esse fator trouxe para nós arquitetos e ademais profissionais da área, um grande desafio: o de incluir nos projetos, espaços mais generosos e de qualidade para a prática do home office, e não apenas isso, mas conseguir inserir esses espaços em projetos já existentes, compreendendo que estes locais são os responsáveis pela maior parte do tempo do indivíduo. Portanto, fazer dele um local menos estressante, ao mesmo que, estimulante é sem dúvidas um desafio incrível.
- Espaços de Limpeza
Muito se sabe que a propagação do Covid-19 está ligada à hábitos de higiene e limpeza, e devido a isso, podemos perceber uma grande demanda na compra de equipamentos, eletrodomésticos e produtos sanitários que auxiliam na limpeza da casa, como máquinas de lavar, aspirador de pó, produtos no geral, e que necessariamente precisam ser estocados ou armazenados em algum lugar apropriado. É dessa forma, que ambientes como lavanderia ganharam mais espaços de circulação e armazenamento, com quantidades maiores de prateleiras e armários.
- Cozinhas
Por um longo período, as pessoas ficaram restritas de frequentarem os espaços públicos, e foi a partir desse isolamento social, que lugares como restaurantes, shoppings, lanchonetes e outros, mais pareceram pequenos desertos no meio urbano. É que as pessoas passaram a ter que preparar seus alimentos em casa e não apenas isso, o convívio familiar, transformou as cozinhas em um verdadeiro ambiente coringa da arquitetura: percebemos que não mais se tratava de um lugar com a finalidade de preparar uma necessidade básica, mas virou palco para a construção de outros tipos de momentos, relações e sensações. Isso fez com que a arquitetura atual revesse todo o layout tradicional para que toda a família e convidados ficassem confortáveis e uma das mudanças, é que agora, mais do que nunca, se faz necessário um ambiente de apoio à cozinha para poder higienizar os alimentos antes da armazenagem, e a adoção de luz e ventilação natural para esses ambientes, sendo portante, parte das soluções adotadas.
- Suítes
Mesmo que se siga todos os protocolos e medidas de segurança, infelizmente as pessoas ainda estão sujeitas a se contaminarem, e, em uma situação que um integrante apresenta positivo para essa doença e precisa se isolar, é muito importante que ele passe o período de quarentena da forma menos estressante possível. E como nós arquitetos podemos ser responsáveis por esse bem-estar em uma situação como essa? Estamos vendo a importância de quartos com banheiros mais privativos, além da ventilação natural e principalmente, mobiliários que permitam o isolado ter mais liberdade, para que este não fique apenas deitado, mas que consiga se acomodar em boas poltronas, ou um pequeno banco que seja confortável, a fim de fazer uma leitura por exemplo. Além disso, a conexão com o mundo é muito importante, e é possível fazer isso com o uso de tecnologias dentro da arquitetura.
- Hall de entrada
Antigamente, era muito comum entrar nas residências e se deparar com grandes halls de entrada, mas isso tem mudado e a demanda por pequenos halls que sejam mais acolhedores tem sido maior. Paralelo a essa transição, uma outra mudança que tem acontecido, é que essa pandemia no qual estamos vivenciando, tem resgatado do passado um espaço que para os brasileiros não é muito comum: o Mudroon, que é um ambiente de transição que se assemelha à um hall de entrada comum, mas que pode ser ligado à uma entrada secundária da casa, pois ele tem a finalidade justamente de dispensar as vestimentas usadas na rua, bem como calçados sujos e outras variantes, e pode contar com armários de casacos, cabideiros e outros. Logo, é muito interessante que uma residência tenha um espaço com esta função, pois no meio de uma pandemia é importante que se faça a higienização e esterilização.
Wanda Kanyzia ( Huzza Arquitetura & Interiores)